Um poema ao cair da noite.
'Minha Mortalha'
Pus de lado meu pano de ouro, Esperanças mortas, dobra sobre dobra, Para que nenhum olho contemplasse Esse pesar indizível.
E quando minha corrida findar E meus dias se tiverem ido, Tomai esse pano no coração tecido, Feito de sonhos desfeitos.
Então amortalhai-me docemente Neste sudário que minhas esperanças teceram, Nesta pele derradeira de minha sepultura, E deitai-me perto de quem é meu.
Meu ele não é, eu sei, Mas ainda assim um voto sagrado Uniu ao alto ramo de Deus Essa indigna exertia.
Então, em paz sublime, O pó unido ao pó - tão nobre, Tão sagrado o dele, tão indigno o meu Deitai-nos lado a lado para todo o sempre.
Ruhyyih Rabani (1958)
Leituras Livres
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