Reflexão da Liturgia - Terça à Sexta, e Domingo

10 Dicas de Oração com Padre Rodolfo

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sábado, 16 de março de 2013

Três Papas – Três Graças





Três Papas – Três Graças

Como compreender o tempo que estamos vivendo e como o Espírito Santo está dirigindo a vida da Igreja fundada na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo tem sido uma surpresa para todos.
. Três grandes papas. Três experiências profundas do Espírito.
. Três dons para a Igreja. Três ensinamentos.
. João Paulo II foi um homem santo pela cruz de sua própria paixão; a enfermidade vivida com amor deu-nos exemplo de perseverança indicando-nos que a “esperança não decepciona” quem crê no Nome de Jesus.
. Bento XVI continua sendo não apenas um homem de fé, mas o homem da fé. Um guerreiro imbatível em favor da Verdade, seu Colaborador fiel. Sua renúncia ressaltou sua fidelidade não aos homens, mas à Cristo e ao seu Espírito para glória do Pai Eterno e seu louvor.
. Francisco que agora governa a Igreja vem pela senda da humildade e da caridade. Um homem simples: abraça, tropeça, erra, levanta, se dobra, ora e pede para orar, silencia, celebra... É um autêntico cristão no século, não obstante tenha pertencido à Ordem Jesuíta. Representa o ser humano do mundo de hoje e apresenta esta humanidade em Eucaristia na Liturgia do Altar e da Vida.
. Será que conseguimos ouvir o que o Espírito Santo está a nos dizer?
. Será que percebemos a grandeza do caminho que o Senhor esta a nos indicar com os pastores da Igreja Universal?

. Penso que continua vívida a máxima que ecoava da vida de João Paulo II: “a fé não está no corpo que se inclina [pela doença, pela renúncia, em prece], mas na alma do que crê!”.

. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!
. Quem tiver disposição, siga!
. Apenas não fique parado à espera “de outro Evangelho”, pois a fé cristã é “Caminho” e caminhar é preciso. É o movimento de Deus na história. É o movimento da humanidade em direção à terra prometida.
. Vamos juntos.


Padre Rodolfo Gasparini Morbiolo



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O martírio da imagem num mundo midiático

Amigos e Irmãos, o papa Bento XVI renunciou ao governo pastoral e político da Igreja Católica Apostólica Romana. Chega ao fim um papado breve, mas comovente pelas lutas e combates empreendidos; e pela coragem de dizer "não!". O governo da Igreja precisou dizer "não!" muitas vezes desde a aurora deste novo milênio. Precisou dizê-lo às tentativas da mídia e dos interesses político-governamentais dos povos de invadir e determinar os rumos da fé pela lógica do "modernismo". Precisou também manifestar a incoerência de muitas vozes dentro de seus limites institucionais, que diversas vezes procuraram desfigurar o rosto de Cristo, nodando-o das sombras de suas próprias concupiscências.
. Bento XVI foi um homem à frente de seu tempo desde que fora chamado por João Paulo II para integrar a Cúria Romana como "colaborador da Verdade". Por amor à Igreja de Cristo e obediência ao Romano Pontífice se indispôs, inclusive, com colegas de estudos teológicos de envergadura intelectual.
. Ao aceitar o ministério petrino fê-lo com tamanha humilde que parecia esconder-se à sombra agigantada pela aclamação de santidade de seu predecessor João Paulo II. Bento já possuía 78 anos quando foi eleito bispo de Roma. Um homem maduro, com experiência de vida e formação humana.
. Hoje fragilizado pela mesma razão que leva toda a vida no mundo ao ocaso manifestou um gesto martirial diferente do esperado pelas multidões, mas não menos eloquente. Seu predecessor havia lutado até a exaustão para guiar a Igreja pelo início do novo milênio. Bento XVI preferiu sacrificar sua imagem - a ser criticada pela multidão de incrédulos (até de crédulos!), em vista da "saúde espiritual" da Igreja de Cristo. Um gesto nobre que testemunha amor, fidelidade e abnegação.
. Com este gesto ele catequiza a Igreja e seus colaboradores. Todo bispo católico deve pedir renúncia de suas atividades pastorais e governo eclesial aos 75 anos completos. Um ato desafiador para alguém que viveu a vida toda a serviço das "coisas de Deus". O desafio se torna maior quando o que está em jogo é "servir a Deus" ou às suas coisas. Bento XVI escolheu servir a Deus - escolheu recolher-se para que outro o tome pela mão e o conduza até para onde humanamente ele não desejaria ir (cf. Jo 21,18).
. Não surpreende a incapacidade jornalística dos tempos em que vivemos de ler atitudes nobres e dignas de pessoas maduras, uma vez que estão tão acostumados à atitudes infantis, violentas e desumanizadoras, publicadas nas capas de seus jornais e revistas, diária e semanalmente. Acredito que não poderíamos esperar outra coisa dessa "massa" disforme de consumidores de novidades aterradoras - "furos enriquecedores de reportagem".
. Inclusive - eu diria - são incapazes de compreender o que sentimos em nosso coração. A sensação de perda e de desamparo, também de abandono. A paternidade espiritual que o papa representa é dom do Espírito Santo para a vida da Igreja, independentemente dos limites de sua humanidade - bem parecida com a de todos os homens e mulheres sobre a face da terra. Ver a transição de uma papa é como acolher um novo pai. E o que ouvimos por aí, ofende algo muito especial em nós - a nossa família, a nossa casa, o nosso lar. Um lar que não é perfeito, com uma família que também cometeu erros e continua insistindo em alguns deles, mas permanece a nossa casa.
. Sem deixar-nos perder a fé esta hora é tempo de oração. Fico pensando no papa, em seu quarto no Vaticano. Sua consciência. As vozes que não hão de se calar, mas insistirão em julgar, condenar, repreender; provindas de todos os cantos da terra. As mesmas vozes que outrora elogiavam sua intelectualidade e competência, seus sete doutorados, sua atuação eclesial. Precisamos, portanto, unir-nos em oração ao guerreiro que entregou seu posto depois de um árduo e destemido combate.
. O papa continua imitando a Cristo e guiado pelo Espírito Santo como nos inícios do Cristianismo. João Paulo II assumiu o martírio da doença. Bento XVI o fez pelo sacrifício da sua imagem eclesial. Ele ficará cognominado pelos séculos como o papa da modernidade que renunciou, como seu predecessor ficou marcado pela oblação física que perpetrou na história da humanidade e da Igreja Católica. Uma hora ou outra todos precisaremos escolher o caminho pelo qual entregaremos nossos corpos e nossas almas nas mãos de Cristo pela corôa do martírio, pois sem Cruz não existe salvação (cf. Mt 10,38; 16,24).
. Termino agradecendo sua dedicação e paixão pela Igreja que chamo de Mãe e Mestra da Verdade. E peço pela Virgem Maria o milagre de Caná: "Mãe, o vinho está acabando e a festa pode acabar a qualquer instante. Mas o teu Jesus nos disse que ela nunca terminaria e que ninguém poderia impedir que esta festa continuasse até o Céu.  Como naquele dia em Caná, ou mesmo em Pentecostes, quando humanamente faltavam as esperanças, pedi por nós vossos filhos, os filhos e filhas da Igreja de Jesus, vosso filho querido. Ele nos confiou as vossas mãos maternais na Cruz. Agora, cuida de nós para que não desfaleçamos. Pede, mãe, pelo milagre que esperamos e precisamos, pois quis Deus que estivesses desde à plenitude dos tempos, onde o Milagre se fizesse acontecer. Dá-nos o vinho da festa, o Espírito sem medida, que supera toda o entendimento humano. Que tenhamos um novo papa. Um pai para o nosso povo. Um fiel guardião da fé, neste Ano da Fé. E que após este 'vale de lágrimas', nos vejamos louvando e agradecendo a procidência divina que jamais falha e tudo governa para o bem daqueles que ele criou para o amor. E ampara os dias de teu servo Joseph Ratzinger, ainda papa Bento XVI, para que também ele veja com esperança os resultados de seu trabalho e suas dedicação. Amém".

Padre Rodolfo Gasparini Morbiolo,
em  12 de fevereiro de 213.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Solenidade de São Pedro e São Paulo 2012

REFLEXÃO



Hoje dia 29 de junho celebramos a festa litúrgica de São Pedro e São Paulo, que no Brasil, no diretório de nossas celebrações, está transferida para o próximo final de semana, domingo 01 de julho de 2012. Tal acepção recorda uma tradição muito antiga do início do cristianismo que afirma que ambos Pedro e Paulo foram martirizados juntos. É o que vemos abaixo desde uma obra magistral sobre a Vida dos Santos (VARAZZE, Jacopo. Legenda áurea. SP: Companhia das Letras):

[São] Jerônimo e quase todos os santos que tratam desta questão concordam em que foi no mesmo dia do mesmo ano, [que Pedro e Paulo foram martirizados no mesmo dia], como fica evidente numa epístola de Dioniso e num sermão de Leão: “Não foi por acaso que num mesmo dia e num mesmo lugar eles receberam sua sentença do mesmo tirano. Sofreram no mesmo dia, para irem juntos para Cristo; no mesmo lugar, para que Roma possuísse os dois; sob o mesmo perseguidor, para que a mesma crueldade atingisse a ambos. O mesmo dia para celebrar de uma vez o mérito dos dois; o mesmo lugar para cobri-los com a mesma glória; o mesmo perseguidor para ressaltar a coragem deles”. Assim escreveu Leão.

Abraçados em martírio por Cristo, São Pedro e São Paulo evangelizaram com seu testemunho o cristianismo primitivo e tornaram-se as Colunas de fundamento da fé que cada crente recebe no batismo. A fé chegou ate nós pelo testemunho dos mártires de Jesus.

Convencionou-se que neste DIA celebramos o DIA DO PAPA em função de seu ministério de guardar e transmitir a fé que levaram Pedro e Paulo ao martírio. Neste dia, também o Papa costuma nomear seus auxiliares, os Cardeais, com os quais ele procura governar as várias dimensões da Igreja de Cristo no mundo de hoje. Da homilia de Bento XVI para este dia disponível na página do Vaticano, destacamos o que segue:

Na passagem do Evangelho de São Mateus que acabamos de ouvir, Pedro faz a sua confissão de fé em Jesus, reconhecendo-O como Messias e Filho de Deus; fá-lo também em nome dos outros apóstolos. Em resposta, o Senhor revela-lhe a missão que pretende confiar-lhe, ou seja, a de ser a “pedra”, a “rocha”, o fundamento visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da Igreja (cf. Mt 16,16-19). [...] O Papado constitui o fundamento da Igreja peregrina no tempo, mas, ao longo dos séculos assoma também a fraqueza dos homens, que só a abertura à ação de Deus pode transformar.

Deste modo, celebrar os apóstolos unidos em martírio constitui para a Igreja recordar a autonomia da Palavra que não se deixa acorrentar e persiste anunciando a Boa Notícia do Evangelho a todos os povos e cultura. O Combate da Fé, como afirmaria São Paulo (cf. 2Tm 4,7), não é outro senão a evangelização dos povos para Cristo no Amor, que é dom do Espírito para a vida da Igreja.

Rezemos para que a intercessão de ambos colabore com o ministério eclesial de anunciar Jesus Cristo a todos os povos em todos os tempos da vida do mundo.

Pe. Rodolfo Gasparini Morbiolo,
Facebook: Rodolfo Morbiolo.

São Pedro e São Paulo - Dia do Papa


SOLENIDADE DOS SANTOS PEDRO E PAULO


Basílica Vaticana 
Sexta-feira, 29 de Junho de 2012

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Escolhe, Jovem, a Vida!

... a mensagem que hoje vos dirijo é a mesma
que Moisés formulou a tantos anos:
Escolhe a vida, para que possas,
tu e tua posteridade,
viver amando o Senhor teu Deus.

Que o seu Espírito vos guie
pelo caminho da vida,
obedecendo aos seus mandamentos,
seguindo os seus ensinamentos,
abandonando as opções erradas
que só levam à morte
e comprometendo-vos
a ser amigos de Jesus Cristo
para toda a vida.

Com a força do Espírito Santo,
escolhei a vida, escolheio o amor
e sede diante do mundo
testemunhas da alegria que daí jorra.

Bento XVI, 18/07/2008.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Uma LEITURA possível da Questãos dos PRESERVATIVOS

A verdade sobre os preservativos


Martin Rhonheimer

As recentes declarações do Papa Bento XVI sobre o uso de preservativos suscitaram muita polêmica nos meios de comunicação. Afinal, o que ele quis dizer mesmo? Neste artigo de 2004, o Autor explica a verdadeira posição da Igreja com relação ao uso de preservativos, numa maneira que nos permite entender melhor as palavras do Santo Padre.

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Muitas pessoas estão convencidas de que uma pessoa soropositiva sexualmente ativa deveria usar preservativo a fim de proteger seu parceiro da infecção. O que quer que se pense sobre um estilo de vida promíscuo, sobre atos homossexuais ou prostituição, tal pessoa age, ao menos, com um senso de responsabilidade ao tentar evitar a transmissão de sua infecção para outras.

Considera-se comumente que a Igreja Católica não apóia tal visão. Conforme sugeriu recentemente um o programa Panorama da BBC, acredita-se que a Igreja ensine que os homossexuais sexualmente ativos e as prostitutas deveriam evitar o uso dos preservativos porque os preservativos são intrinsecamente maus (The Tablet, 26 de junho). Muitos católicos pensam o mesmo. Um deles é Hugh Henry, diretor de educação do Linacre Centre em Londres. Ele disse a Austen Ivereigh no Tablet da semana passada, que o uso do preservativo, mesmo quando usado exclusivamente para evitar a infecção do parceiro sexual “desrespeita a estrutura fértil que os atos conjugais devem ter, é incapaz de constituir o recíproco e completo dom pessoal de si e, portanto, viola o Sexto Mandamento”.

Mas este não é o ensinamento da Igreja Católica. Não existe ensinamento magisterial oficial seja sobre preservativos, pílulas anovulatórias ou diafragmas. Preservativos não podem ser intrinsecamente maus, somente os atos humanos podem sê-lo; preservativos não são atos humanos, mas coisas. O que a Igreja Católica ensinou claramente ser “intrinsecamente mau” é um tipo específico de ato humano, definido por Paulo VI em sua encíclica Humanae Vitae, e posteriormente incluído no n° 2370 do Catecismo da Igreja Católica: “qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação”.

A contracepção, como um tipo específico de ato humano, inclui dois elementos: a vontade de praticar atos sexuais e a intenção de tornar a procriação impossível. Um ato contraceptivo, portanto, incorpora uma escolha contraceptiva. Como afirmei em um artigo no Linacre Quarterly em 1989, “uma escolha contraceptiva é a escolha de um ato que impede que os intercursos sexuais livremente consentidos, em que se preveem consequências procriativas, tenham tais consequências, e é uma escolha feita justamente por esta razão”.

Por isto a contracepção, entendida como um ato humano qualificado como “intrinsecamente mau” ou desordenado não é determinado pelo que acontece no nível físico; não faz diferença se alguém impede que o intercurso sexual seja fértil tomando a pílula ou interrompendo-o de modo onanístico. A definição acima não distingue entre “fazer” ou “deixar de fazer”, porque o coito interrompido é um tipo de abstenção “ao menos parcial”.

A definição de ato contraceptivo não se aplica, portanto, ao uso de contraceptivos para impedir possíveis consequências procriativas de uma violência sexual previsível; nesta circunstância a pessoa violentada não escolhe manter relações sexuais ou impedir uma possível consequência de seu próprio comportamento sexual, mas está simplesmente defendendo-se de uma agressão a seu próprio corpo e de suas indesejáveis consequências. Uma atleta que participa dos Jogos Olímpicos que toma uma pílula anovulatória para evitar a menstruação também não está fazendo “contracepção”, porque não há intenção simultânea de praticar atos sexuais.

O ensinamento da Igreja Católica não diz respeito a preservativos ou aparatos físicos ou químicos similares, mas ao amor marital e ao significado essencialmente marital da sexualidade humana. O magistério afirma que, se pessoas casadas têm sérias razões para não ter filhos, devem modificar seu comportamento sexual pela abstenção, “ao menos periódica” dos atos sexuais. Para evitar destruir tanto o significado unitivo quanto o procriativo dos atos sexuais e, portanto, a plenitude da doação recíproca de si, elas não podem impedir que o ato sexual seja fértil praticando, ao mesmo tempo, o ato sexual.

Mas o que dizer das pessoas promíscuas, dos homossexuais sexualmente ativos e das prostitutas? O que a Igreja Católica lhes ensina é que simplesmente não deviam ser promíscuos, mas fiéis ao único parceiro sexual; que a prostituição é um comportamento que viola gravemente a dignidade humana, principalmente a dignidade da mulher e, portanto, não devia ser praticada; e que os homossexuais, como todas as outras pessoas, são filhos de Deus e amados por Ele como todos são, mas que eles deveriam viver a continência como toda e qualquer pessoa solteira.

Mas e se eles ignoram este ensinamento e correm o risco de contrair o HIV, deveriam eles usar preservativos para impedir a infecção? A norma moral que condena a contracepção como intrinsecamente má não se aplica a estes casos. Nem pode haver um ensinamento da Igreja sobre isto; é simplesmente um contrassenso estabelecer normas morais para tipos de comportamento intrinsecamente imorais. Deveria a Igreja ensinar que um estuprador nunca deve usar preservativo porque ao fazer isto, além do pecado de violência sexual, ele estaria desrespeitando “o recíproco e completo dom pessoal de si e, portanto, viola o Sexto Mandamento”? Por certo que não.

O que devo dizer, como padre católico, a pessoas promíscuas ou homossexuais soropositivos que usam preservativos? Procurarei ajudá-los a viver uma vida sexual moral e bem ordenada. Mas eu não lhes direi que não usem preservativos. Simplesmente não falarei disto com eles e presumirei que se eles escolheram fazer sexo, manterão ao menos um senso de responsabilidade. Com tal atitude, respeito plenamente o ensinamento da Igreja Católica sobre a contracepção.

Isto não é um apelo a “exceções” à norma que proíbe a contracepção. A norma sobre contracepção aplica-se sem exceção; a escolha contraceptiva é intrinsecamente má. Mas obviamente ela aplica-se somente aos atos contraceptivos, como definidos pela Humanae Vitae, os quais incorporam uma escolha contraceptiva. Nem todo ato em que é usado o aparato “contraceptivo”, de um ponto de vista puramente físico, é um ato contraceptivo de um ponto de vista moral, recaindo sob a norma ensinada pela encíclica.

Igualmente, um homem casado soropositivo que usa o preservativo para proteger sua esposa da infecção não está agindo a fim de tornar a procriação impossível, mas para prevenir a infecção. Se a concepção é evitada, isto será um efeito colateral “inintencional” e, portanto, não determinará o significado moral da ação como um ato contraceptivo. Pode haver outras razões para advertir contra o uso do preservativo em tal caso, ou para aconselhar a total continência, mas não por causa do ensinamento da Igreja sobre contracepção, e sim por razões pastorais ou simplesmente prudenciais (o risco, por exemplo, de que o preservativo não funcione). Certamente este último argumento não se aplica a pessoas promíscuas, porque mesmo que os preservativos não funcionem sempre, seu uso ajudará a reduzir as más consequências de um comportamento moralmente mau.

Deter a epidemia mundial de AIDS não é uma questão sobre a moralidade do uso de preservativos, mas sobre como impedir efetivamente uma situação em que as pessoas provocam consequências desastrosas com seu comportamento sexual imoral. O Papa João Paulo II insistia repetidamente que a promoção do uso de preservativos não é uma solução para este problema. Porque para o Papa o preservativo não resolvia o problema moral da promiscuidade. Se, em geral, as campanhas que promovem os preservativos encorajam o comportamento de risco e tornam pior a pandemia de AIDS é uma questão de evidências estatísticas não facilmente disponíveis. Que reduzem as taxas de transmissão, a curto prazo, entre grupos altamente sujeitos à infecção, como prostitutas e homossexuais, é impossível negar. Se podem diminuir as taxas de infecção entre populações promíscuas “sexualmente liberadas” ou, pelo contrário, encorajar o comportamento de risco, depende de muitos fatores.

Em países africanos as campanhas anti-AIDS baseadas no uso de preservativos são geralmente ineficazes, em parte, porque para um homem africano sua masculinidade se expressa fazendo o maior número de filhos possível. Para ele, os preservativos tornam o sexo uma atividade sem sentido. Esta é a razão pela qual – e isto é uma forte evidência em favor do argumento do Papa – o programa de Uganda está entre os poucos programas eficientes na África. Embora não exclua os preservativos, o programa ugandense encoraja uma mudança positiva no comportamento sexual (fidelidade e abstinência), à diferença das campanhas pelos preservativos, que contribuem para obscurecer ou mesmo destruir o significado do amor humano.

Campanhas para promover a abstinência e a fidelidade são definitiva e certamente o único remédio efetivo, a longo prazo, para combater a AIDS. Assim não há razão para que a Igreja considere as campanhas que promovem os preservativos como úteis para o futuro da sociedade humana. Mas também a Igreja não pode ensinar que as pessoas que mantêm estilos de vida imorais deveriam evitá-los.

Biografia Animada São Josemaría Escrivá