Reflexão da Liturgia - Terça à Sexta, e Domingo

10 Dicas de Oração com Padre Rodolfo

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terça-feira, 7 de abril de 2009

A afetividade do Discípulo Amado!

MEDITAÇÃO
SEMANA SANTA
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. Não dá pra não notar a troca de afetos sinceros entre Jesus e seus discípulos. De modo bastante especial no relacionamento dEle com o chamado 'discípulo amado' do Evangelho de João e com Pedro. Ao anunciar Sua traição por Judas, a cabeça reclinada sobre Seu peito é altamente sugestiva da intimidade que havia entre eles (cf. Jo 13,25).
. Uma intimidade capaz de regular e sanar nossas trocas de afetos sociais. muitas vezes temos medo de nos aproximarmos uns dos outros; com maior medo ainda dos sentimentos serão despertados; tudo isto, porque não temos regulados nossos afetos como Jesus os tinha. É algo que precisa ser alcançado e não banido!
. Há uma tendência à distância positiva e segura entre os cristãos. No entanto, esta distância, dita positiva, cria um vazio de sentimento entre as pessoas, que nada pode compensar ou preencher senão uma afetividade decordenada e reprimida.
. Precisamos aprender com o Senhor a buscar no outro o afeto sincero e equilibrado que nos preenche e restaura de nossos esvaziamentos diários. Nenhum de nós é uma ilha para viver absolutamente privado da presença do universo material. O ser humano criado por em Cristo tudo que há de belo e santo, porque criado por Deus, nele.
Feliz Páscoa!

domingo, 8 de março de 2009

"O QUE VIMOS E OUVIMOS NÓS ANUNCIAMOS!" - parte 2/2

2. Para quem nós anunciamos?
A Igreja tem falado há muitos séculos; e falou à muitos povos. E hoje ainda fala: na verdade, nós é que falamos. Por isso é que estamos fazendo teologia, porque precisamos falar de Deus com coerência e inteligência.
Hoje a Igreja não fala ao mundo do século passado, nem ao mundo do último milênio. Mundo belos, de grandezas magestosas, mas que se encontram bem distantes de nossa realidade hodierna, e já colapsaram.
Mas, então, qual é esta realidade hodierna? Quais nossos maiores desafios?
A Igreja do Brasil, na Conferência de Aparecida tentou apontar alguns de nossos maiores desafios para a evangelização. Entre eles, citamos:
1. A justiça social, violada pelo capitalismo selvagem e pela má distribuição de renda, que gera e alimenta a pobreza e a miséria;
2. A dignidade humana, ferida pelas propostas abortivas, e por outros instrumentos de manipulação e violação da vida;
3. A promoção integral do ser humano: enfermos, idosos, dependentes de drogas, detidões em prisões, os insanos internados;
4. O dilema da vida em grandes centros urbanos e suas exigências morais e éticas, e os migrantes;
5. A família, e o dilema do divórcio e novas uniões, na Igreja;
6. O homossexualismo e as propostas de união civil, bem como os adeptos às outras modalidades de expressão da própria sexualidade;
7. O meio ambiente;
8. A cultura e a educação.
Isto sem falar dos dilemas intra-eclesiais: a comunhão entre pastores e leigos, em respeito mútuo, a vida comunitária, as pastorais e sua ação evangelizadora, e re-evangelização dos batizados não praticantes, os encândalos morais e éticos de clérigos e leigos; e também as relações ecumênicas e inter-religiosas.
Há muitas realidades que precisam ser atingidas pela ação evangelizadora da Igreja: não para condená-las, mas para convertê-las. Parece que o maior problema da evangelização não está nas situações propriamente insolúveis, pois cada tempo teve das suas necessidades históricas; mas no que queremos fazer com elas: condená-las, ignorá-las, crucificá-las, e aos seus com elas, ou convertê-las, ou se aproximar delas como Jesus Cristo, enviado pelo Pai, no Amor, se aproximou de nossas realidades para que pudéssemos ser atraídos por sua bondade.
Falamos hoje para um mundo que precisa ser:
1. Amado na sua dor;
2. Compreendido em suas rebeldias;
3. Educado na sua ignorância;
4. Corrigido nos seus desvios;
5. Em suma: convertido.
Assim como cada um de nós!

Precisamos cuidar do proselitismo: acharmos que somos a melhor bolacha do pacote.
Bem como cuidar do indiferentismo: tanto faz, o mundo está perdido mesmo.
O mundo para o qual falamos não quer nos ouvir: humildade e perseverança! E precisamos lidar com a frustração da derrota: podem realmente não querer nos ouvir e poder nos perseguir, e crucificar! E, então, teólogos?

“Felizes os que são perseguidos por causa da justiçaporque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,10).
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3. Quem somos nós?
Enfim, um adendo: quem somos?
Esta pergunta me incomoda. Ou melhor incomoda o ser humano desde que o mundo é mundo. Alguns afirmam que a existência deste questionamento é que faz com que o ser humano seja humano e não um ser de outra espécie. Enfim, qual é a resposta?
Estamos diante de uma grande revolução. Durante muitos séculos respondemos na Igreja esta pergunta apoiando-nos no substrato espiritual: fomos adotados como filhos de Deus, é isto que somos, esta é a nossa dignidade.
Bem, façamos um trocadilho. Eu não perguntei: o que somos nós? E sim: quem somos nós? Parece muito fácil nomear e definir um objeto. É fato! Ele não é uma pessoa, mas nós o somos. O ser humano é uma pessoa. Ser filho, neste caso, adotivo de Deus, estabelece uma relação entre pessoas, mas será que define a pessoa em si mesma. Precisamos melhorar esta resposta.
Bem, na verdade, na teologia clássica, ser filho adotivo de Deus pelo batismo, ajuda a esclarecer sim quem somos, pois o caráter batismal muda o nosso ser, instaura uma nova ordem em nós, direciona a nossa vida para Deus, para o Pai do Céu, torna-nos capazes de Deus e de seus dons, torna-nos aptos para o relacionamento com Deus.
Isto é muito grande e muito belo, mas não podemos parar por aqui, pois a pessoa humana tem características temporais, com as quais Deus nos criou e nos mantém no mundo e na história. Se é fato que Deus nos criou com uma brecha ou uma abertura natural para alcançá-lo, e preencheu esta brecha com sua graça pelo batismo, ensinando-nos a ser seus filhos e a nos completarmos nele e dele, também é verdade que ele nos criou com outras qualidades.
Quem?, é uma pergunta muito ampla e complexa.
Dentre as qualidades que o ser humano possui podemos distinguir as materiais, físicas, e as imateriais, não físicas, com a capacidade racional, a criatividade, a inteligência, as emoções, os sentimentos, os afetos, as paixões: tudo isto é ser humano. E muitas tem sido as descobertas da ciência em nossos dias que nos tem ajudado a compreender o comportamento do nosso corpo e da nossa mente, em relação a nós mesmos, com os outros e com o universo. Não podemos ignorá-las! Não podemos também achar, como já foi dito no passado, que tudo isto é obra do demônio. Também não podemos ser licenciosos, absorvendo todas as idéias novas sem nos debruçarmos sobre suas consequências.
Um dos maiores desafios da teologia católica hoje consiste na capacidade crítica de analisar a realidade a partir da Revelação Divina que nos foi transmitida pela Igreja e que alimenta nossa espiritualidade. Não temos condições de esboçar em profundidade estas pesquisas, mas precisamos perceber que estamos no limiar de grandes revoluções em todas as áreas do saber. Como vamos nos haver com isto?
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Leituras Obrigatórias
Bíblia Sagrada (cf. BÍBLIA DE JERUSALÉM. SP: Paulus, 2002).
Catecismo da Igreja Católica (cf. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Petrópolis/RJ: Vozes, SP: Loyola, 1993).
Compêndio do Concílio Vaticano II (cf. COMPÊNDIO DO VATICANO II. Constituições, decretos, declarações. 25.ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1996).
Documento de Aparecida (cf. CELAM. Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V conferência do episcopado latino-americano e do caribe. 2.ed. Brasília/DF: CNBB, SP: Paulus, Paulinas, 2007).
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Aprofundamentos
ARENAS, Octavio Ruiz. Jesus, epifania do amor do Pai. Teologia da revelação. 2.ed. SP: Loyola, 2001.
BURGGRAF, Jutta. Teologia fundamental. Manual de iniciação. Lisboa: Diel, 2005.
LIBANIO, João Batista. Igreja contemporânea. Encontro com a modernidade. SP: Loyola, 2002.
LIBANIO, João Batista; MURAD, Afonso. Introdução à teologia. Perfil, enfoques e tarefas. 3.ed. SP: Loyola, 2001.
RATZINGER, Joseph. Fé, verdade e tolerância. O cristianismo e as grandes religiões do mundo. SP: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lulio” (Ramon Llull), 2007.
RATZINGER, Joseph. Introdução ao cristianismo. Preleções sobre o Símbolo Apostólico. Com um novo ensaio introdutório. SP: Loyola, 2005.
RATZINGER, Joseph. Natureza e missão da teologia. Petrópolis/RJ: Vozes, 2008.
RATZINGER, Joseph. O sal da terra. O cristianismo e a Igreja católica no século XXI. Um diálogo com Peter Seewald. 2.ed. RJ: Imago, 2005.

"O QUE VIMOS E OUVIMOS NÓS ANUNCIAMOS!" - parte 1/2

AULA INAUGURAL DO INSTITUTO DE TEOLOGIA JOÃO PAULO II
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Texto
(1Jo 1,1-4 )
1. O que era desde o princípio,
o que ouvimos,
o que vimos com nossos olhos,
o que contemplamos,
e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida
2. – porque a vida manifestou-se:
nós a vimos e dela vos damos testemunho
e vos anunciamos a Vida Eterna,
que estava voltada para o Pai e que nos apareceu –
3. o que vimos e ouvimos nós vo-lo anunciamos
para que estejais também em comunhão conosco.
E a nossa comunhão
é com o Pai
e com o seu Filho Jesus Cristo.
4. E isto vos escrevemos
para que a nossa alegria seja completa.
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Primeiras Palavras
A primeira Carta de São João inicia seu ensinamento comunicando o encontro do ser humano com Deus, que assim desejou se revelar:
“o que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida [...] o que vimos e ouvimos nós vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco” (cf. 1Jo 1,1.3a).
Precisamos atentar para este realidade infalível: nossa fé está fundada no desejo de Deus de se comunicar conosco, de mostrar-nos a sua face, de falar conosco, como a “amigos”, revelando-nos sua intimidade (cf. DV 1; Jo 15,15).
São João continua, e afirma:
"e a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo” (cf. 1Jo 1,3b).
O desejo divino de manifestar-se à nós Ele o concretizou enviando ao mundo o seu próprio Filho, o “Verbo da vida”, que estava voltado para o Pai e que nos apareceu (cf. 1Jo 1,2; Jo 3,16.35-36).
A fé católica não tem como fundamento a opinião meramente humana de um guia espiritual, mas conclama o testemunho do Filho unigênito de Deus, que se sujeitou à nossa humanidade, a fim de glorificá-la com a glória que possuía desde toda a eternidade, isto é, a sua Filiação Divina. Fomos adotados como filhos em Jesus, o Filho (cf. GS, 4; Fl 2,1-11; Gl 4,1-7).
Nas palavras de São João:
“e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai, como Filho único, cheio de graça e de verdade” (cf. Jo1,14b).
Os primeiros cristãos não apenas viram e ouviram, mas, como recordamos acima, “apalparam” a Glória do Pai, tocaram seu Filho, Jesus Cristo; e assim experimentaram a graça da incorporação à “videira verdadeira”, e puderam desfrutar da Vida Divina, dom do Espírito Santo (cf. Jo 15,1ss). Esta é a herança que deles, as primeiras testemunhas de Jesus, nós recebemos! É o nosso patrimônio!
E como é que o tocaram? Como é que tocaram o Filho de Deus? Apenas com seus sentidos humanos? Ou será que o tocavam de um modo, diríamos, sobrenatural?
Indubitavelmente, o tocavam pela fé. Muitos o viram com seus olhos, mas nem todos o seguiram. Muitos o ouviram, e na mesma proporção consideraram suas palavras duras demais e se afastaram. Outros chegaram, de fato, a por suas mãos sobre seu corpo, como os soldados que o crucificaram, nem por isso se converteram. Se não houvesse um dom sobrenatural acompanhando os sentidos propriamente humanos, se não houvesse a fé como dádiva divina, não teriam tocado o Filho de Deus. Poderiam sim, amparados pela capacidade humana de acreditar, dar atenção às palavras daquele personagem inusitado que se apresentava diante de seus olhos, mas nunca seriam capazes de mergulhar no mistério do Verbo da vida.
Felizmente, suas palavras possuiam o poder de realizar o obra do Pai:
“as palavras que vos digo, não as digo por mim mesmo, mas o Pai, que permenece em mim, realiza suas obras” (cf. Jo 14,10b).
As palavras de Jesus: sua palavra, seus ensinamentos; não como o dos outros mestres, mas como quem tem autoridade, não humana apenas, mas divina, proclamam e realizam a vontade do Pai, isto é, que os seres humanos O conheçam: a Ele e ao seu Filho Jesus Cristo. Revelam, portanto, a sua intimidade. Elas, suas palavras, revelam toda a verdade, que o Espírito se encarregará de recordar em tempo propício, para alimentar a vida dos cristãos (cf. Jo 16,13).
É ele, o Espírito Santo, que instaura na vida do ser humano a dinâmica da salvação; Ele é quem comunica “toda a verdade”, que é Cristo, à humanidade; Ele é a fonte da comunhão com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo (cf. Jo 16,13). É o Espírito Santo que alimenta com a vida divina, a Igreja. Instaurando e renovando a comunhão com o Pai e com Jesus.
De modo semelhante a Jesus, seus discípulos, sua Igreja, enviados pelo mundo como suas testemunhas proclamam sua palavra, amparados pela mesma graça de Cristo, o Espírito Santo, a fim de instaurar no coração da humanidade a realidade da fé.
Esta é a alegria da Igreja, como disse São João: “que estejais também em comunhão conosco” (cf. 1Jo 1,4), pela proclamação do dom que recebemos, isto é, que experimentamos; pelo que vimos, ouvimos e apalpamos, e que nos colocou em comunhão com o Pai e seu Filho Jesus Cristo.
E é por isso que estamos fazendo teologia, para mergulharmos na comunhão trinitária, mistério revelado fundamental da fé católica.
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1. O que é que nós anunciamos? Ou melhor: quem?
Agora, precisamos atentar para alguns aspectos da teologia católica:
1.1 A teologia não é exclusividade dos acadêmicos: o conhecimento de Deus comunica a verdade que nutre a Igreja. Assim, todo cristão é teólogo, por excelência. Todo cristão parte de sua necessidade de Deus, para encontrar-se com Deus no mistério da sua Revelação. Ele é a origem, o caminho e o fim da teologia e da vida cristã (conhecimento afetivo e efetivo da teologia).
1.2 A teologia católica é revelacional, isto é, parte da revelação do Pai, através de Jesus Cristo e da recordação do seu ensinamento pelo dom do Espírito Santo, dom concedido à sua Igreja, isto é, àqueles que a Jesus aderiram na fé. Assim, a teologia católica não é fruto apenas de uma reflexão humana, ideologicamente coerente, mas também é dom de Deus à sua Igreja. Assim, é justo chamar este estudo de Sagrada Teologia.
1.3 Assim, para falar de Deus o teólogo é convidado a olhar para o passado do caminho que Deus quis fazer com o seu Povo, na finalidade de encontrar as respostas para os dilemas do presente. Por isso, para fazer teologia é indispensável um contato com aquele testemunho primordial dos primeiros cristãos, consignado nas Escrituras Sagradas, no Novo Testamento; bem como o contato com a experiência religiosa do povo por meio do qual quis Deus Pai enviar seu Filho ao mundo, isto é, o povo judeu e seus antecedentes, os israelitas, no Antigo Testamento. De modo que, na base de uma teologia equilibrada está a Sagrada Escritura como “Regra da Fé”.
1.4 As Escrituras antes de serem consignadas textualmente foram resultado da vida do povo de Deus, que procurou transmitir oralmente sua experiência com Deus e com seu Filho Jesus Cristo. Deste modo, a Igreja depende substancialmente da Sagrada Tradição Apostólica que legou para a história da humanidade o anúncio de Jesus Cristo.
1.5 Depende ainda a teologia católica das orientações daqueles que quis Nosso Senhor Jesus Cristo fazer presidir seu Povo Santo, isto é, os sucessores dos Apóstolos, nossos Bispos, historicamente constituídos organicamente e institucionalmente, em comunhão com o sucessor de Pedro, o Sumo Pontíficie. Esta Sagrada Autoridade de Magistério, i.é, de Ensino, visa regular nosso discurso e nossos ensinamentos para evitar erros e discenssões.
1.6 Assim: a Sagrada Escritura, a Tradição Apostólica e o Magistério Eclesial, precisam apoiar e ancorar a pesquisa teológica (cf. DV 7-10). Não é lícita, nem digna de ser considerada católica, uma pesquisa teológica, que prescinda de um destes três elementos formais.
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continua...

Biografia Animada São Josemaría Escrivá