A
IGREJA ESPOSA NA ECLESIOLOGIA DO VATICANO II
Dissertação de Mestrado de Padre
Rodolfo Gasparini Morbiolo
O tema
do livro é muito simples – fala sobre a comunhão entre as pessoas na Igreja.
Sabemos que a reunião de todos os povos numa única fé em torno de Jesus, o
Filho de Deus, revela-se um grande mistério. E só se entra em contato com este
mistério de fé com profunda humildade. A teologia, “de joelhos”, o faz através
de imagens comparativas. Uma delas, e a mais difundida hoje em dia, é a que
afirma que a Igreja se assemelha a um “povo”. Dita assim, ela é “Povo de Deus”
– uma imagem antiga e bíblica, pois nos remete aos fundamentos da primeira
Revelação no Antigo Testamento e nos faz refletir que a Comunidade Cristã não é
uma massa sem forma, mas uma reunião de pessoas, homens e mulheres com
identidade e individualidades, partilhantes de uma mesma prática religiosa, com
fé e costumes. Mas em que este “povo” difere de outros povos organizados
politicamente, inclusive, em favor do bem comum?
Um teólogo muito
importante para os dias atuais, chamado Hans Von Balthasar, fez ouvir a
seguinte afirmação: “a Igreja é certamente Povo de Deus, e permanentemente se
manifesta como tal, contudo nisto não se distingue da Sinagoga”. Para este
teólogo a distinção está no mistério nupcial, mistério de amor entre o Verbo
Encarnado e sua Esposa, a Igreja. Justamente porque uma única imagem
comparativa nem tem condições de esgotar o “mistério” daquilo que na fé
chamamos Igreja de Cristo. Antes, faz-se necessário um conjunto de imagens para
descrever na medida do possível os aspectos históricos, sociológicos, psicológicos
da Comunidade Cristã. E hoje, tal trabalho é indispensável para os pensadores
da fé, pois como afirmaria o Concílio Vaticano II e seu fundador São João XXIII,
a Igreja precisa dizer-se, ensinar-se, apresentar-se ao mundo atual com uma
realidade que não provoque repulsa, mas que possa ser amada, como Cristo a amou
e se entregou por ela.
Infelizmente,
a imagem esponsal apresentada por Balthasar, não foi escolhida como fundamental
no Vaticano II e no magistério dos últimos 50 anos da Igreja Católica, embora
rica de significado desde a Escritura e a Patrística Cristã. Antes, ficou
relegada de escanteio, enquanto o imaginário cristão debruçava-se, e muitas
vezes guerreava, em torno das imagens de “povo” e “corpo” – “Povo de Deus” e
“Corpo Místico de Cristo”.
Não que
estas imagens não sejam eficazes, mas de fato pela própria fraqueza da
analogia, são incompletas e parciais e não dão conta do mistério eclesial. Afirma,
com relação a isto, a professora Bárbara Pataro Bucker, com doutorado no
feminino da Igreja, que o modelo esponsal carrega o potencial de corrigir tanto
os limites do modelo de “povo”, como do modelo de “corpo”, pois “diante do
aspecto da unidade que só é perfeito na escatologia, temos a vantagem de uma
unidade construída na história”, pois a morte e a ressurreição de Jesus, aconteceram
no aqui e agora da história, e o Espírito Santo informa a Igreja na plenitude
da obra salvífica de Cristo; “diante de uma unidade provocada pela lei, temos
uma unidade garantida pelo amor”, pois o Espírito Santo pode fazer de cada fiel
sacramento do Amor de Cristo no mundo; “diante da unidade reduzida à
uniformidade, podemos encontrar uma unidade na diversidade”, que parece ser o
grande desafio à misericórdia na vida da Igreja atual.
Para além das discussões teológicas a respeito da maior pertinência desta ou daquela imagem eclesial, vale recordar que a comunhão só é possível enquanto cada um, na sua pobreza e na grandeza de Cristo, é capaz de fazer da sua própria vida o caminho através do qual o amor divino se expande e se comunica, e disto a esponsalidade parece ter a capacidade de ser modelo e imagem. E é sobre este tema que este livro reflete.
Livro do Padre Rodolfo é a única publicação no Brasil, em nível de Pós-Graduação, sobre o tema da #Esponsalidade da #Igreja.
Tenho a alegria de Convidar você para o lançamento da minha pesquisa! #PadreRodolfoMorbiolo
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